Ser “boa mãe” tornou-se uma obrigação para a mulher e sinônimo de “sacrifício” e “doação” — quanto mais sofrimento ela for capaz de suportar, “melhor mãe” prova ser. A relação mãe-filho tornou-se símbolo da vida feminina, como se toda mulher nascesse para a maternidade e esta fosse a sua maior bênção. Dessa forma, os filhos despontam, obrigatoriamente, como suas prioridades, e elas devem abrir mão de suas vidas para se dedicarem à prole. Entretanto, além de sobrecarregar a mulher, essa idolatria tem produzido verdadeiros ditadores mirins, que mandam nos pais, comandam a casa e a vida familiar. Esses hábitos também enfraquecem os laços entre o casal, já que a mãe elege o filho como razão de sua vida, e criam um vínculo de dependência entre mãe e filho. Com um texto muito bem trabalhado e lançando mão de relatos pessoais que ilustram diversas situações, Marcia Neder não pretende desestimular a maternidade, e sim revelar uma visão menos romanceada e mais próxima da realidade, além de propor importantes reflexões sobre o papel de mães, pais e filhos no contexto familiar